quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Da saudade

N'du ku sole

(A Geisa Fróes)

o tempo e o espaço
são deuses que espargem
sobre o vento e o pensamento
suas mãos inatingíveis
para tudo o que crível
nem mais a certeza
ou a ligeireza das palavras
só sentidos e lágrimas
escorrendo sobre o fio das horas
através do relógio que nem grita nem cala
só empala o seu rotativo labor
está parado, não ofega, não respira
não há tempo, não há espaço
não há quando nem onde
há corações em descompasso compasso
há esse aqui nesse agora
há nós
há nosso beijo dado
sobre a face caótica do tempo
(sem traços, sem rasgos)
há essa nódoa que não mancha
há essa mancha que é marca da memória
e há nós
há, irrelutavelmente, nós

(Angelo Riccell Piovischini)